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Breves comentários sobre os últimos livros que li
André - 16 novembro 2014 - 16:21
A Gangue do Pensamento - Tibor Fischer
Gosto muito da escrita desse cidadão. A Gangue do Pensamento não chega a ter a criatividade de O Colecionador de Colecionadores, mas puxa o leitor pelo colarinho com a trama interessante, as personagens absurdas (Hubert é praticamente uma monografia de nonsense) e caracteres cuidadosamente escalados na posição correta. A atmosfera geral é divertida e descontraída, e Tibor Fischer leva a coisa fugindo do óbvio e com um humor inspirado, fruto de quem manja do riscado - por exemplo: após cerca de 150 páginas elegantes, uma inesperada infantaria de palavrões quebra completamente a expectativa do leitor. Gargalhei.

Armagedom em Retrospecto - Kurt Vonnegut
Já conhecia parte do trabalho de Vonnegut através de citações aleatórias de seus livros no Twitter, mas Armagedom em Retrospecto é a primeira obra que realmente leio. É uma coletânea de contos daquela época em que Hitler decidiu que era o dono do campinho e saiu por aí exigindo coisas. É também bastante satírico e mordaz, indo de curiosos pequenos retratos dos campos de batalha (em Armas Antes de Manteiga três prisioneiros conversam sobre culinária e os pratos que querem provar após voltarem para casa enquanto quebram pedras) a mergulhos na alma humana tão profundos que é recomendável ter cuidado com a descompressão (Pilhagem é um pequeno relato que deixa grandes estragos).

O Professor do Desejo - Philip Roth
Mais uma daquelas jornadas de Philip Roth repletas de questões sexuais e humor. O talento e a capacidade que o sujeito tem de construir situações continuam me deixando com inveja (não "inveja branca". Inveja ruim. Do tipo "eu queria ter isso e não me importa o que seria necessário para alcançar"), e O Professor do Desejo pinta um baita panorama do jovem David Kepesh, cujas atribuladas desventuras sexuais - da infância no hotel ao quartinho em Londres  - criam uma personagem complexa e interessante.

Everything is Perfect When You're a Liar - Kelly Oxford
Conheci a moça através das postagens inspiradas no perfil @kellyoxford, o que por si só já torna o Twitter a melhor rede social de todas. É um livro autobiográfico. Ou uma ficção escrita com uma abordagem autobiográfica, já que coisas como viajar do Canadá até Los Angeles na esperança de encontrar o Leonardo DiCaprio parece bem coisa de ficção (se bem que não sei, né, a vida às vezes é mais nonsense do que o próprio nonsense). Everything is Perfect When You're a Liar não tem nada muito profundo ou revolucionário, mas é realmente divertido e bem escrito. Apesar das elipses entre alguns capítulos confundirem um pouco e da maciça referência à cultura pop (que não me incomoda, só que algumas passam batido), Kelly tem uma voz própria bem distinta e engraçada, tornando a leitura fluida como o xixi que ela fez nas calças em um posto de gasolina (ou disse ter feito).

Guerra Civil - Uma pá de gente
Na verdade, Guerra Civil é uma saga envolvendo diversas revistas da Marvel durante um certo período de tempo, mas botei aqui porque considero quadrinhos uma arte tão relevante quanto literatura "séria" (além do mais, talvez botar a Marvel aqui traga mais visitas). A ideia do registro dos super-heróis vai de encontro a muita coisa de ética e privacidade discutida hoje em dia, e a divisão em tudas turminhas opostas vai de encontro a praticamente tudo que acontece hoje em dia em qualquer lugar e em qualquer setor. A Marvel não ficou com medo de botar consequências pesadas na disputa e a saga toda possui uma atmosfera tensa pairando sobre ela.

Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera
Uma obra agridoce que nos permite acompanhar a jornada de autodescobrimento do protagonista - não aquele autodescobrimento COMER REZAR AMAR, pontuado por biscoitos da sorte e lições edificantes, mas sim uma descoberta de como a personagem reage às coisas, faz as coisas, quer fazer as coisas. Daniel Galera é um excelente contador de histórias e, em Barba Ensopada de Sangue, cada passagem é aproveitada com cuidado para que possamos nos banhar em uma leve melancolia enquanto acompanhamos o protagonista quebrando paredes, pedalando, cuidando do cachorro. É daqueles livros que te deixam olhando para a parede ao final por muito tempo - um final tão interessante que devorei as últimas quarenta páginas como um gordo em um buffet.

Garota Exemplar - Gillyan Flinn
A trama de Garota Exemplar é excelente, envolvente, repleta de reviravoltas e revelações acachapantes. E Gillyan Flinn bota tudo no papel com um ritmo ágil, jamais deixando o livro descambar para o finalzinho de tarde de um domingo. Entretanto, como narradores, Nick e Amy são espertinhos demais, malandros demais, sempre desconstruindo tudo com sarcasmo e desprezo. Qualquer coisa é imediatamente captada e julgada por eles, que na narração se colocam acima de tudo. Essa onisciência afasta o leitor e tira muito o impacto dos eventos, tornando Garota Exemplar uma ótima história, mas completamente estéril com relação à suas personagens.

A Vingança do Timão - Carlos Morais
Já tinha comentado aqui sobre Agora Deus Vai Te Pegar Lá Fora, primeira obra do autor que li e uma aula de como ser cativante. A Vingança do Timão é um livro um pouco menor, menos ambicioso, mas estão lá o doutorado em sensibilidade de Carlos Morais e sua capacidade de criar personagens com as quais nós nos importamos. Seguindo uma turma de garotos do interior com a destreza dos dribles do Dorinho, o escritor constrói um universo rico em eventos, dúvidas, aprendizados, erros, desconfianças, acertos, e, claro, futebol. Passagens genuinamente engraçadas ("um chute que fez o Mudinho Nicolor gritar pela mãe") sentam para tomar café em harmonia com outras mais melancólicas, resultando em uma narrativa belíssima que dá uma abraço bem apertado no coração do leitor.

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